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Da Sabedoria das Árvores Parte II:

Arbustos e Árvores da Lvsitânea: Exemplos de Virtude para Uma Egrégora Lusitana

Por Vate Arhuanië Adaltena

 

Na primeira parte da nossa reflexão, publicada no número anterior da RTL, demos-lhe a conhecer, caro leitor e cara leitora, a Árvore-Símbolo da Tradição Lusitana ou Árvore Lusitana, designação atribuída pelo nosso Arqui-Druida /i\ Adgnatios ao Carvalho Lusitano (Sobreiro e Azinheira), no que se refere aos seus aspetos simbólicos e ainda como excelso exemplo de renovação e regeneração face às adversidades. Porém, outras árvores e arbustos partilham com a Árvore Lusitana os mesmos locais, sendo bastante comum ver o Sobreiro e a Azinheira ladeados por Zimbros, Oliveiras e Zambujeiros, Medronheiros, Sanguinhos, entre outras e outros que constituem no seu conjunto os bosques e matas lusitanas.

Isto posto, e tendo em consideração a importância que as Árvores assumem na nossa Tradição, propomos-lhe, caro leitor e leitora, que se deixem levar aos Campos da Lvsitânea, para que possamos juntos aprender com os Arbustos e Árvores Sagradas da Tradição Lusitana, através da sua observação e do entendimento da sua sabedoria e ‘arvorecer’, o que é ser virtuoso. Apesar das evidentes diferenças entre os Humanos e as Árvores, tal não obsta a que possamos considerá-las um exemplo de virtude e fonte de aprendizagem, o que nos leva a colocar a seguinte questão, que em certa medida configura o assunto desta meditação: como é que a partir desse exemplo podemos relacionar os Arbustos e Árvores Sagradas aos graus iniciáticos funcionais da ATDL?

Tentando responder a esta questão, a nossa ‘viagem’ meditativa iniciar-se-á com a apresentação da distinção funcional dos graus iniciáticos da ATDL; seguidamente iremos abordar a Ética Espiritual Céltica, pois não é possível compreender a organização e o funcionamento de uma Egrégora sem conhecer a ética que a sustenta. Veremos, ainda, as razões que nos levam a considerar as nossas Árvores Sagradas como exemplos de virtude e terminaremos este nosso périplo reflexivo dedicando-nos à compreensão do significado simbólico dos arbustos e de algumas árvores em particular no seio da Tradição Lusitana.

 

Egrégora Lusitana - Campo de Realização de Sentido Espiritual

A respeito da Egrégora, transmitiu-nos o nosso Arqui-Druida /i\ Adgnatios o seguinte ensinamento: “Egrégora é palco [Campo] onde o ser se pode constituir como ser espiritual”[1].

Uma verdadeira Egrégora concebe e dispõe, equitativamente, as condições necessárias a todos os seus membros para que estes desenvolvam as suas apetências e valências singulares, isto é, possibilita que cada um responda adequadamente ao seu projeto vocativo, o qual diz respeito não só à sua construção enquanto pessoa, mas, fundamentalmente, à construção da sua identidade espiritual, a qual o torna verdadeiramente humano e nos informa de uma possibilidade de transcendência. Neste sentido, a ATDL assume a figura do Pagus ou ‘Campo Lusitano’ acolhedor, afetivo e promotor de segurança, onde, após ocorrida a germinação da semente, cada arbusto e cada árvore se poderá ser naturalmente, por via das relações de cooperação gregária fomentadoras e promotoras de irmanação. Arbustos e Árvores assim irmanados tornam o Campo Lusitano, concomitantemente, mais fértil e mais fertilizante, mais produtivo, enfim, Bosque.

Pela observação atenta dos Campos da Lvsitânea, verificamos que neles cada Arbusto e cada Árvore são portadores de uma função específica, não havendo valorização de umas em função de outras. Visando obedecer ao ensinamento obtido pela observação atenta da natureza, a ATDL estabeleceu uma categorização ou distinção por graus que dizem respeito à funcionalidade própria e singular de cada membro[2], que designaremos de Caminhante Lusitano.

As Antigas Tribos Célticas sempre apresentaram uma categorização funcional, em virtude de sempre observarem uma Ética radicada nos Princípios arquetípicos que fundamentavam e orientavam a sua ação com vista ao exercício de uma virtude espiritualizada. Neste sem-tido, a nível social distinguiam-se três classes: a sacerdotal, a guerreira e a trabalhadora[3], sendo que esta última subsumia os artesãos, os agricultores e todos os outros que se dedicavam à produção dos bens para a comunidade; e na dimensão espiritual distinguem-se as categorias de graus iniciáticos ou níveis de evolução de consciência[4].

Tratando-se de uma categorização horizontal subentende-se, ainda assim, a existência de uma razão vertical que une os graus na sua dignidade e os diferencia na sua especificidade. Essa razão vertical pode ser entendida como um ‘Rio’ que tem Fonte ou Nascente no “Mundo da vida segundo o Espírito”, pelo que, a sua água é transportadora de sentido espiritual e poderá ser ‘bebida’ por todos os membros da Egrégora. Contudo, cada Caminhante ‘beberá’ em partes diferentes do ‘Rio’, pois cada um relaciona-se com este de acordo com a evolução da sua alma. De modo a entender tal afirmação vejamos o seguinte: um Vate não adquire mais importância ou não tem mais valor que um Discípulo-aceite, pois ambos são aquilatados pelo valor da ação na função que lhe corresponde. Tal valor ou virtude, pois esta é entendida como valor em ato, depende da adequada interpretação que é possível fazer dos Princípios em cada um dos graus e da sua correspondente aplicação na ação, sendo o valor da ação sempre ‘pesado’ em relação ao seu Valor Universal. Deste modo, a Tradição Céltica Lusitana é, por um lado, o ‘Rio’ que une e nutre todos os Caminhantes como “eixo de amarração” do Caminhante ao sentido da essência dos Princípios; por outro lado, ela é fluxo.

Para uma melhor compreensão deste mesmo assunto, e respeitando o tema do nosso ensaio reflexivo, recorremos à metáfora da Árvore, mas invertendo a orientação natural desta. A Tradição, agora apresentada como Árvore invertida, sustenta as suas raízes nos Princípios e desenvolve o seu tronco por via de movimentos verticalmente espiralados, o que lhe permite acompanhar o dinamismo do Fluxo Energético Universal e assumir-se, por via do tronco, como eixo de ligação entre o Céu e a Terra. As pernadas já nos informam da horizontalidade da Árvore, pois retratam o acontecer da Tradição ao longo dos tempos, as decisões e caminhos, sendo a partir delas que se formam os ramos. Ramos que podemos fazer corresponder, simbolicamente, aos Caminhantes Lusitanos que por via do seu acontecer pretendem ser ramos-árvore ao invés de ramos-galhos. Este termo, ramos-galhos, foi apresentado pelo nosso Arqui-Druida[5] e refere-se a todos aqueles que tendo assumido a pertença à Tradição não honraram o juramento por si feito, não deram a resposta adequada às condições que lhes foram dispostas, nem aplicaram os ensinamentos que lhes foram transmitidos para fazerem evoluir a sua alma e as dos seus companheiros, resumindo, não foram ramos através dos quais a Tradição pudesse crescer e dar frutos. Os frutos gerados pela Árvore-Tradição permitirão não só nutrir a alma de cada Caminhante como renovar compromissos de transcendência, tornando as raízes cada vez mais unas com os Princípios.

Uma Tradição pode ser entendida como a que apresenta a interpre-tação mais adequada e fiel dos Princípios e que através do seu acontecer ao longo dos tempos a plasma corretamente na sua ação, razão pela qual a Tradição Lusitana se tornou numa referência virtuosa de ação. A este respeito clarifica-nos /i\ Adgnatios: “A Tradição apresenta-se como núcleo guardião do sentido mais adequado dos Princípios Transcendentes, não inteligíveis na sua totalidade, pela consciência humana.”[6]

As interpretações e parâmetros dispostos pela Tradição Lusitana permitem que cada Caminhante atualize os seus referenciais, de modo a que haja uma co-adequação entre estes e os Princípios Arquetípicos. No entanto, devido às circunstâncias, contingências e vivências únicas, face ao fundamento que é comum a todos os Caminhantes, cada um construirá referenciais distintos, mas não menos adequados quando alcançado o correto sentido da Essência. Assim, numa primeira fase, o Marcassin deverá abrir os seus referenciais e torná-los permeáveis aos novos sentidos e significados que lhe são propostos pela Egrégora, de modo a que nos graus iniciáticos seguintes seja possível realizar uma série de atualizações e sínteses que se manifestarão através de ação virtuosa repleta de sentido espiritual.

A atualização dos referenciais ocorre através de um processo designado pelo nosso Arqui-Druida como Triangulação Espiritual Fundamental do Humano, processo que marca a diferença entre um ser espiritualizado e um ser não espiritualizado. Esta Triangulação permite ao Caminhante referenciar os seus referenciais quer em relação aos Princípios quer em relação à ação ou referência, e atualizá-los sempre em função dos Princípios ou adequação das referências. Só por via destas atualizações poderão ocorrer Movimentos de Transcendência Espiritual.

 

O ‘Arvorecer’ virtuoso

À semelhança do Caminhante Lusitano, os Arbustos e as Árvores também estão sujeitos a um processo de maturação, evolução e transcensão, pois, do mesmo modo que os passos de um Druida jovem são diferentes dos de um Druida ancião, uma árvore jovem não tem ainda desenvolvidas muitas das estruturas e valências de uma árvore adulta.

A ATDL definiu as características dos seus graus funcionais a partir dos ensinamentos obtidos pela observação do ‘Arvorecer’ de cada Arbusto e cada Árvore Lusitanos. Arbustos e Árvores partilham, assim, ainda que de modo figurado, atributos e valências com o grau funcional correspondente.

Vejamos, então, como os Arbustos e as Árvores se relacionam com os graus iniciáticos da Tradição Lusitana.

O crescimento dos Arbustos Lusitanos ao redor dos azinhais e sobreirais permite o afastamento de pragas que adoecem as frondosas Árvores e ainda lhes proporcionam determinado resguardo. Por seu lado, os Discípulos dispõem-se de modo a formar o Circulo Sagrado aquando das Cerimónias, ou seja, são os Discípulos que delimitam o Útero Sagrado no qual decorre o processo de geração/gestação próprio de cada celebração. Neste sentido e estabelecendo a relação simbólica entre Arbustos e Discípulos, podemos inferir que os Discípulos-arbustos não são somente delimitadores do espaço sagrado como são seus protetores, mantendo-o resguardado, impenetrável e conferindo-lhe uma misticidade própria sem, no entanto, o ocultarem. Os Discípulos-arbustos constituem, assim, o círculo defensor e protetor da Árvore Lusitana, sendo esta a representação simbólica do nosso Arqui-Druida, possibilitando-lhe oficiar abrigada. Em simultâneo, a Árvore Lusitana proporciona aos Discípulos-arbustos sombra, abrigo, protegendo-os quer do intenso calor do Sol quer do frio gélido, e doa-lhes também alguns dos nutrientes fundamentais ao seu crescimento. Compreendendo o sentido desta metáfora, constatamos que o nosso Arqui-Druida transmite sempre os ensinamentos e as ferramentas necessárias à evolução dos Discípulos, de modo a que estes possam honrar o seu juramento.

Em relação às Árvores vejamos em concreto o caso do Teixo, da Bétula e da Avelaneira.

O Teixo[7] (Taxus baccata) adequa-se ao grau funcional de Chefe Dragano, designação lusitana para “Chefe-Dragão”, que tem como atributo simbólico ser o ‘Guardião da Imortalidade’. Este atributo subentende que o Caminhante seja portador de um carácter de incorruptibilidade e integridade, carácter que se encontra bem manifestado na referida Árvore, sobretudo devido à dureza da sua madeira e resistência ao apodrecimento, tendo sido por tal usada, pelas Antigas Tribos Célticas, no fabrico de escudos, lanças e arcos. Por todo o simbolismo inerente, intui-se que a responsabilidade do Dragano é ser o garante da observância dos Princípios pela Egrégora Espiritual aquando das celebrações. Deste modo, o Dragano não deve permitir que o espaço sagrado (Nemeton) seja corrompido com atitudes profanadoras, entendam-se, atitudes carregadas de juízos preconceituosos que impedirão a adequada relação com as nossas Deidades e outras entidades, comprometendo o processo de evolução espiritual de todos os presentes.

A Bétula, árvore que foi considerada pelos antigos povos como a “Senhora dos Bosques”, é a representante do trânsito de Êubage quando este é percorrido por um elemento feminino. Êubage não é um grau funcional, mas um estágio transitório entre graus, no qual se dá a aquisição de conhecimentos, estruturas e saberes essenciais à transição para o grau de Sacerdote/Sacerdotisa Druida.

Durante este trânsito, o caminhante é constantemente convocado a demonstrar a sua humildade, a sua dedicação e o seu vínculo à Tradição, o que implica constantes movimentos de transcensão e renovação do compromisso vocacional. Tais movimentos encontram-se simbolicamente bem representados pela constante renovação do tronco da Bétula. O Caminhante que efetua este trânsito já colocou as suas aptidões e valências ao dispor do Bem da Egrégora e busca agora colocá-las ao serviço da realização do Bem-Espiritual.

Afeta-se a Avelaneira (Corylus avellana) à função de Vate quando se trata de um elemento do género feminino. Esta Árvore foi associada pelas Tribos Célticas às faculdades da visão e da intuição[8], o que resulta na sua associação à via intuitiva e divinatória[9] do Vate. As qualidades ou faculdades indicadas são inatas, mas poderão optimizar-se através do estudo aprofundado das Leis Universais, o que permitirá um acompanhamento do Fluxo Energético Universal e uma correta interpretação dos sinais, tal como nos testemunha Celios, Vate da Assemblée du Chaudron des Druides, França:

 

“Il étudie, observe, perçoit, analyse et expérimente ces lois naturelles afin de les comprendre pour s'y conformer. Car oui, l'un des objectifs de la voie du vate est de comprendre les lois de l'Univers pour y conformer sa propre vie et les enseigner aux autres. De par sa compréhension il est donc le gardien de ces lois et de leur équilibre. [Ele estuda, observa, percebe, analisa e experimenta essas leis naturais de modo a compreendê-las para se adequar a elas. Porque sim, um dos objetivos da via do vate é entender as leis do Universo para se adequar à sua própria vida e ensiná-las aos outros. Pela sua compreensão, ele é, portanto, o guardião dessas leis e do seu equilíbrio.]”[10]

 

De forma a transmitir tais ensinamentos aos seus companheiros, auxiliando-os no seu caminhar em Imram, o Vate deverá alcançar um rigor e clareza de pensamento e um discurso simples e assertivo, processos que por vezes poderão demorar algum tempo. É então preciso perseverança e coragem, pois mesmo quando os resultados do seu trabalho demoram a aparecer, tal como os frutos da Avelaneira, o Vate não poderá deixar de lutar para alcançar e plasmar a sua verdade. Surgem as avelãs, em sentido figurado, como as portadoras da sabedoria e dos segredos do Universo, representando, assim, os frutos do longo trabalho e dedicação do Vate.

Já próximo do término da nossa ‘viagem’ meditativa, constatamos que a grande diferença entre o Humano e a Árvore poderá residir no facto de esta ser dotada de uma ‘consciência natural’ imaculada. Deste modo, o diálogo entre a ‘consciência natural’ da Árvore e os Princípios, bem como as interpretações feitas por essa mesma consciência ocorrem por via da sua inteligência ativa. Assim, as interpretações não estão dependentes da subjetividade do entendimento, como no caso do Humano, podendo as Árvores Sagradas da Tradição Lusitana manifestar adequadamente as suas qualidades e aptidões essenciais, o que resulta num acontecer virtuoso natural.

Podemos aferir que o grande desafio e compromisso do Caminhante Lusitano são a luta pelo alcance da interpretação mais adequada e fiel dos Princípios e a sua aplicação na ação benfazeja, de modo a alcançar a conexão com a sua própria natureza e, a partir desta, com o que é Natural, sempre na persecução do Sentido Universal.

Almeja a ATDL que todos aqueles que se encontram no seu seio possam ser agentes de virtude e que por meio do seu acontecer benfazejo possam servir de referência à Humanidade, contribuindo para um Mundo humanamente mais digno.

 

[1] Testemunho oral do Arqui-Druida /|\ Adgnatios.

[2] A este propósito Cf.: Arqui-Druida /|\ Adgnatios; «Afluentes de um Bem-Maior: A Tradição Primordial como Centro Gravítico de produção e transmissão de Sapiência ou Fluxo de Sentido Benfazejo pelos Tempos», in A Revista da Tradição Lusitana – A Espiritualidade Hiperbórica, Centro Druídico da Lvsitânea - Assembleia da Tradição Lvsitana, Número 2, Maio, 2017, p.17.

[3]Cf.: Gabriela MORAIS; Lisboa Guarda Segredos Milenares – Santa Brígida, Uma Deusa Céltica no Lumiar, Apenas Livros, Lisboa, 2011, p.18.

[4] Poderá consultar a Tabela 1 – Graus Iniciáticos da Tradição Lusitana, apresentada no final desta nossa exposição reflexiva.

[5] Cf.: Arqui-Druida /|\ Adgnatios, «Da sabedoria das Árvores – ou dos ramos que afinal eram galhos», publicado no grupo da ATDL a 13 de Novembro de 2016.

[6] Testemunho oral do Arqui-Druida /|\ Adgnatios.

[7] Curiosa é a designação de Teixo em céltico, Eburos, e se tivermos em consideração a distribuição geográfica antiga dos teixos, não é de descartar a hipótese do nome da cidade de «Évora» ter tido aqui a sua origem, tal como aponta José de Encarnação ao relacionar eburo com os topónimos Ebora e Eburobrittium. De tal ligação, poderemos depreender a importância quer do Teixo quer da referida cidade para as Tribos Lusitanas. Cf.: José Encarnação; «Eburobriga, "Cidade" do Teixo», in Revista do Museu de Arqueologia Municipal José Monteiro, Fundão, 2008, no 5, p.110.

[8] Jean CHEVALIER e Alain GHEERBRANT; Dicionário dos Símbolos – Mitos, Sonhos, Costumes, Gestos, Formas, Figuras, Cores, Números, tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra, Teorema, Lisboa, 1994, p. 102.

[9] Cf. Adgatia Vatos; «Porquê Espiritualidade Atlântica», in A Revista da Tradição Lusitana – A Espiritualidade Hiperbórica, Centro Druídico da Lvsitânea - Assembleia da Tradição Lvsitana, Número 2, Maio, 2017, p.43.

[10] Celios; «La voie du Vate: la voie Lunaire», in A Revista da Tradição Lvsitana – A Espiritualidade Hiperbórica, Centro Druídico da Lvsitânea - Assembleia da Tradição Lvsitana, Número 2, Maio, 2017, p.66.

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