
Assembleia da Tradição
Druídica Lusitana


Sugestões de Leitura
A Revista da Tradição Lvsitana nº 0
Neste número abordamos temas caros à Tradição: O que é Sageza? De que História e histórias é feita a nossa Tradição? Que cantos e contos a narraram através dos tempos? De que corpo de vozes e experiências e testemunhos se fez e se faz o nosso Caminho? Através de que artes de Cura e Divinação se doou a Tradição aos outros? De que Bosques e Clareiras viemos e como os habitamos? De que palavras se diz a nossa Palavra? Neste número fazemos Comunidade partilhando Valor. A nossa Comunidade celebra Autonomia, Liberdade e inclusão de Todos os seres na Comunidade de Afectos que é a Tradição Lusitana. O nosso Projecto é a reintegração de Portugal nessa vasta comunidade de pertença que é a Lusitânea. A nossa Vocação é uma amorosa ética onto-antropológica. Evocamos a Lembrança do que fomos – do que sempre fomos – a continuidade de uma Tradição em Amor. Invocamos, presentificamos e actualizamos os Referenciais Matriciais da Tradição Lusitana. Vivemos em revolucionária Esperança de um Futuro que sempre foi hoje, agora e aqui, nesta Clareira Comunitária: Nós. Queremos mundar o mundo. Leitora e leitor Amigos, queremos que venham mundar connosco o mundo. Essa é a revolução maior que procuramos: realizar uma Alquimia da Alma na Alma Comum de todos nós.

A Revista da Tradição Lvsitana nº 2
Neste nosso número evocamos e celebramos a Espiritualidade Atlântica que une a nossa Comunidade por esse mundo fora a partir dos mitos, das culturas e dos rituais que revisitamos, como Oceano comum que são da nossa Tradição, que aqui também dizemos Hiperbórea e Atlante. Caudalosa como os rios que nos unem e navegamos, ínfima como o secreto gotejar das fontes que marca o compasso dos nossos corações. Infinita como a respiração dos cursos de água na sua determinação, fado, ensejo e vontade de reunião nessa grande foz comum feita da matéria fluída da pluralidade de Vozes que em nós recontam e cantam os feitos, os trabalhos e os dias dos nossos Ancestrais.
Partimos, assim, na senda dessa Ilha-Bem-Aventurada, desse Continente perdido que é o Oceano ou o Mar a que todos os nossos rios aportam: a Espiritualidade Atlântica, esse mito que irradia Luz na cultura dos povos da mundividência pan-céltica. Um mito que mais do que nos informar acerca de uma origem comum, nos adverte e exorta à reflexão ética sobre o problema do nosso devir no mundo e da nossa responsabilidade como guardiões de uma Tradição que é “território mítico que já houve e território mítico a haver”, nas palavras do filósofo luso Pinharanda Gomes que connosco vem, também, neste número partilhar reflexões, conhecimentos em torno do mito da Atlântida, essa «verosimilhante história», pela primeira vez contada pelo filósofo Platão no Timeu (29 d)… Destacamos, pois, e agradecemos a honra desta presença e desta partilha de Pinharanda Gomes, um dos maiores filósofos lusitanos vivos, com ampla bibliografia publicada sobre filosofia, história da filosofia, teologia, hagiografia, filomitia… E é na sua esteira que revisitamos o mito da Atlântida e nele inscrevemos, em humildade, a nossa demanda e o nosso lugar de pertença

A Revista da Tradição Lvsitana nº 4
A Primavera aportou à Lusitânia Água fertilizadora e Luz inspiradora que nesta nossa Revista se manifesta na participação e união de Irmãs e Irmãos, Amigas e Amigos da Tradição Céltica em torno de um propósito comum, os «Lumes e Costumes na Tradição Céltica» como a Luz da Lareira Comunitária que aqui recordamos, preservamos, guardamos e recriamos.
Celebramos, também, neste número a construção, iniciada na Primavera passada, do nosso Nemeton Mātīr Nemet e do nosso Castro ou da nossa Roundhouse Céltica Lusitana no Centro Druídico da Lvsitânea, bem no coração das terras ancestrais dos Celtici, lugar que nos escolheu e acolheu e onde acolheremos, também, o próximo Encontro da Celtic Druid Alliance. O presente número desta nossa Revista celebra, deste modo, em lembrança do passado, alegria amorosa do presente e esperança no futuro da nossa Tradição Primordial comum, o Encontro e a União em Amor e Liberdade das Tribos Célticas na sua radical originalidade, diversidade, união e universalidade. À boa maneira Celta, sentamo-nos, sobre a Terra, em torno do Lume da fogueira, envoltos pelo Ar das brumas do anoitecer e partilhamos Vida até ao raiar da primeira Luz da aurora. Leitora e Leitor Amigos, venham sentar-se connosco na Roda, bem-vindos à Partilha!

A Revista da Tradição Lvsitana nº 6
Estimados leitores e leitoras da Revista da Tradição Lusitana, eis que aportamos ao número sexto deste nosso Caminho editorial que, passo a passo, vamos inscrevendo na Roda do Ano. Não é por acaso que coincidem os dois lançamentos semestrais da Revista da Tradição Lvsitana com as duas celebrações de liminaridade do nosso Calendário Celta, Samónios e Beltane, momentos privilegiados de atravessamento de Portais, de transcensão e de comunicação entre Mundos. Eis-nos, então, no presente número, face ao Portal de Beltane que o trás a Lume no contexto das festividades dos Maios Lvsitanos.
Leitora e leitor Amigos… as fogueiras de Beltane já se alumiam pelas cumeadas dos montes e já dançam as moças e os moços em redor dos mastros, entrelaçando cânticos e fitas, as Canções dos Maios, … venham peregrinar connosco aos santuários sagrados, reacender as Fogueiras de Maio, partilhar cantos e danças primaveris, junto à fogueira e conhecer os cantos e contos,… as narrativas da Lvsitanea ditas por um crepitar de Lumes.

A Revista da Tradição Lvsitana nº8
Estimadas leitoras e leitores da Revista da Tradição Lusitana, a Roda do Ano Celta já vai longa e está prestes a completar mais um ciclo, este marcado por tantas venturas e tantas desventuras, tantas lágrimas de alegria quantas de dor, tantas realizações acontecidas como aspirações incumpridas. Por essa razão, para a nossa Revista, este presente número constitui-se como o abraço fraterno possível a todos aqueles que buscam estar no Caminho Céltico. Uma das características mais identificativas dos Celtas, é que eram livres e insubornáveis na sua atitude espiritual. A Druidade não se vende, nem se compra, mas antes vive-se nas Clareiras, fita-se na luz dos olhos, ouve-se de boca a orelha, padece e frui-se na negra Noite e no claro Dia... e sempre se guarda, resguarda e partilha com um coração sempre embalado pela Aurora da Alma.

A Revista da Tradição Lvsitana nº10
Estimados leitores e leitoras da Revista da Tradição Lvsitana, caminhantes desta nossa ancestral, velha e revelha Tradição, tão antiga como as águas do oceano primordial e tão jovem e sempre moça e remoça quanto as ondas da última e cíclica maré das águas que se quebram contra as areias das praias dos nossos Arquipélagos,… mais uma vez nos reunimos, “No Espírito do Bosque Sagrado”, sob a copa frondosa dos nossos carvalhos, oliveiras e macieiras,… à escuta do rumor dos ventos, nas folhas, depois do ribombar das tempestades. Não sobrevivemos às adversidades dos tempos em Abred, durante os ventos ciclónicos pandémicos, mas antes, supervivemos nestes tempos difíceis, buscando harmonia, como nos ensinam as preces praticadas pelos nossos devanceiros e devanceiras, os nossos Ancestrais, que sempre guiaram os nossos passos, tanto nos tempos de abundância e paz, como nos de escassez e de conflito. Retomámos, sem quebras, o fluxo das nossas celebrações e rituais, peregrinámos aos nossos centros espirituais; reencontrámo-nos por essas trebas e assembleias da nossa Celtic Druid Alliance, partilhando o alimento e o acalento espiritual que nos une. É esse nosso Caminho que aqui vos recontamos e inscrevemos na linha inquebrantável do tempo, qual labareda de chama de Fogo ou centelha que flui, como a água dos nossos rios, da nascente que somos, para a foz amorosa do mar, onde todos e todas nos reencontramos, na mesma reverberação mágica e constante. Somos o que sempre fomos e seremos: Tradição Primordial.

Deidades da Lusitânia
A mitologia lusitana encerra em si um imenso tesouro histórico, cultural e espiritual que nos permite compreender melhor a vida e a sociedade das antigas civilizações que habitavam as nossas terras.
Representativas da fertilidade, da guerra, da natureza e da vida e da morte, as Deidades da antiga Lusitânia eram veneradas pelos povos pré-cristãos por via de rituais e sacrifícios, estendendo a sua influência a todas as áreas da vida quotidiana do antanho. A Antiga Lusitânia foi um lugar sagrado, onde as divindades foram adoradas e honradas ao longo de muitas gerações, razão pela qual os mitos e lendas da Lusitânia ainda ecoam na tessitura do tempo, trazendo-nos à memória uma época em que as Deusas e os Deuses eram reverenciados com devoção e respeito.
Num mundo moderno cada vez mais desconectado das suas raízes ancestrais, a adoração aos Antigos Deuses da Lusitânia possibilita o reencontro com essa conexão espiritual, com a Natureza e com os nossos Antepassados. Ao adorarmos as Deusas e os Deuses da Lusitânia, poderemos igualmente compreender melhor as diversas expressões e as forças da Natureza, reconhecer nossa própria espiritualidade e encontrar o equilíbrio e a harmonia nas nossas vidas, algo de tão importante nos dias atuais, o que dá ainda relevância à proposta que este livro nos apresenta.

Pelos Trilhos da Sabedoria: Celta e Oriental
Nesses momentos guindados pelo Infinito, deveríamos viver para lá de toda a esperança e de todos os homens que não amam, pois que dormem e não fazem o tempo.
E para lá do Amor-próprio e do próprio Amor, numa linguagem quase telúrica, holística, onde os gestos se respiram como sinal único de um acontecimento que não jorra neste mundo.

Filosofia da Espiritualidade
O QUE É A FILOSOFIA DA ESPIRITUALIDADE?
A resposta a esta questão é dada pelo próprio exercício filosófico, que é a reflexão que assume a Espiritualidade como tema seu. Assim, para cada filosofia da Espiritualidade em ato, haverá a sua própria definição do que seja «a» filosofia da Espiritualidade, isto é, a «sua» filosofia da Espiritualidade. Na prática, o âmbito real da filosofia da Espiritualidade como disciplina científica não é distinguível de todo o trabalho reflexivo que foi operado acerca do tema «Espiritualidade».

Na Clareira do Eu
Existe como que uma diástole bucólica que atravessa toda a obra poética de Mara Rosa, como se de paisagens ou finas camadas de paisagens íntimas e crivadas de sentimentos aprisionados se tratassem, acusando, a cada instante do seu respirar, de pequenez as palavras por não conseguirem dizer tudo de si. Assim, e por isso, não o dizendo, as suas formas vêm-se ciclicamente ultrapassadas por conteúdos poéticos que se dizem ‘sustenidos’, ou de forma sustenida, isto é, “sons de dentro” que gritam inscrições de alma sua a cada grafo linguístico, como que pretendendo atravessar um qualquer último e seco restolho estival para fazer ecoar pela planície de um Alentejo profundo que é pertença sua.
É a expressão “todos os dias o amor ama um pouco mais aquilo que ama”, de F. Rosenzweig, que melhor traduz a cadência poética de Mara Rosa, na qual se é verdade que existe uma certa variação predicativa, no que respeita aos assuntos coligidos, tal predicação remete-nos invariavelmente para uma fonte, terra ou raiz, atitude própria de quem diz sempre de si dizendo o outro, ou melhor, própria de quem canta os passos dados em comunhão natural com o seu ‘eu’ mais profundo e, diria até, insubornável.

A Revista da Tradição Lvsitana nº 1
Neste número da nossa Revista escutamos em «Sobre a Sageza» a Voz do nosso estimado Druída /|\ Adgnatios que, porque «Dizer é algo mais que falar», nos convida a que com ele reflictamos acerca Da Essência da Palavra Sábia. O que é falar? Ouvir? Dizer? Escutar? Sobre a Sageza meditamos acerca dos sentidos de Caminhar em Imram, em Comunidade. Acerca da inscrição das histórias da nossa Tradição n’Os Contos e n’Os Cantos da Lusitânia, refazemos parte dos nossos Caminhos Ibéricos, Europeus e Universais. Em Da Cura e Da Divinação, escutamos o rumor das águas dos rios brasileiros e dos seus segredos e cantos, germinação outonal e reflorescimento primaveril, de cada um dos lados do nosso hemisfério comunitário. Das Clareiras e dos Bosques da Irlanda e da França nos aportam ventos ou palavras acerca do nosso nemeton comum: a Natureza e suas Leis e Mistérios; as nossas Deusas, Deuses, rituais e cerimónias; ou acerca do Sal e do Pão e do Hidromel e de como a sua presença em várias tradições assinala a ancestralidade da nossa Tradição Primordial. Dos Testemunhos e dos Tempos propõe-nos que sigamos no encalço da trilha mítica de Merlin, percorrendo registos históricos, lendas e narrativas e também se dá testemunho, em partilha, dos ciclos da nossa Tradição e do modo como cada um de nós vive cada uma das nossas celebrações Comunitárias. Seguimos, assim, também, pelos Trilhos de Melindör, em demanda da Luz que inflama os nossos corações e da melodia da harpa que vibra em nós a melodia das Pedras e das Árvores ancestrais, memória querida ou eco das Vozes dos nossos Antepassados que, em cada canto nosso, desperta e revive pelas clareiras. Pelos Trilhos de Achale rememoramos a ciência antiga das plantas, seus dons, nomes e segredos, revisitamos a roda litúrgica, suas luzes, sombras e cores. Escutamos e dizemos as vozes de Tudo e de todos que em Nós e connosco caminham, porque Imram é um trilho aberto e feito pela irmandade de todos nós.

A Revista da Tradição Lvsitana nº 3
Neste número, com o nosso muito estimado Arqui-Druida /|\ Adgnatios, percorremos os trilhos da Sageza da «Druidade», «pelos Reinos Interiores de uma Alma Amanhecente», «como se do itinerário do ciclo natural do Sol se tratasse», num «movimento elíptico» mono-dialógico, que importa percorrer e meditar, nestes tempos de redespertar e de realvorecer da nossa Tradição. Em do Conto e do Canto revisitamos caminhos que interessa voltar a percorrer e que são os dos nossos bardos e aedos da transição do século XIX para o século XX e que tão significativos foram para a história da literatura e da cultura, dita europeia, e que tão alto significado têm hoje para nós nesta Luz amanhecente do redespertar da Pan-Céltia. Em da Cura e da Divinação continuamos, entre os «Arbustos e [as] Árvores da Lvsitânea», «exemplos de Virtude para uma Egrégora Lusitana» a escutar «a Sabedoria das Árvores». Das Clareiras e dos Bosques chegam as Vozes Brasilianas e Galaicas, indagando a primeira acerca do redespertar da Céltia desde a antiguidade e a segunda, acerca desse redespertar aqui e agora «What would our ancestors think of us?» é a interrogação fundamental a que somos convidados a responder... Em dos Testemunhos e dos Tempos escutamos… a narrativa escatológica da nossa Tradição através dos olhos dos sábios e até daqueles que a combateram… Revivemos a experiência do campus ou do pagus dos jovens arqueólogos que participaram no re«erguer do nosso Nemeton, o Cromeleque Mātīr Nemet», que tão alta importância tem neste «(Re)Nascer da Mátria Lusitana». Escutamos, no Momentum Metáxis em entrevista concedida à nossa Revista, as palavras avisadas do filósofo e historiador Pinharanda Gomes. Escutamos ainda Contos à Lareira e todo um Glossário Temático sobre os seres misteriosos e esquivos que povoam os nossos campos. Provamos os Saberes em forma de Sabores da nossa Tradição. E seguimos pelos Trilhos…
Venham caminhar connosco, leitora, leitor Amigos.

A Revista da Tradição Lvsitana nº 5
Entre o ano que termina e o ano que começa, entre a Luz e o tempo Escuro, entre o Dia que fenece e a Noite que se inicia, fica a celebração de Samónios. Não é por acaso que escolhemos este acontecer da Liminaridade, do umbral ou da passagem entre mundos para lançar o presente número da nossa Revista da Tradição Lusitana, sob a égide do tema d’ A Supervivência do Sagrado. Aqui meditamos, rememorando, o nosso percurso no ano que ora finda, lembrando o nosso acontecer comunitário; aqui preparamos, em antecipação e com expectativa, o ano que há-de vir, em esperança partilhada por todas e todos. Leitora e Leitor Amigos venham connosco acender as Luzes de Samónios, percorrer os trilhos da supervivência do Sagrado.

A Revista da Tradição Lvsitana nº 7
Estimadas leitoras e leitores da Revista da Tradição Lusitana, eis-nos chegado ao Portal de Samónios, ao fim de uma Roda do Ano e ao início de outra. Tempo, pois, de aferir do valor das nossas realizações comunitárias, tempo de fecho de um ciclo e de abertura de outro. Este tempo-sem-tempo e este espaço-sem-espaço de Samónios é particularmente significativo para a ATDL. Estes últimos três anos, transcorridos entre o primeiro Gathering da Celtic Druid Alliance, na Irlanda, e o segundo Gathering realizado em Portugal, foram um tempo de intensos trabalhos e tribulações para a ATDL que empreendeu a Obra da Construção do Centro Druídico da Lvsitânea, no espaço identificado como o lugar onde outrora havia existido e sido a Casa da tribo dos Celtici, em pleno Além Tejo, entre os rios Tagus e Anas.
Será também, a partir de agora, neste novo Ano da Roda que se iniciará um tempo de novos trabalhos, investigações e partilhas, no espaço do Centro Druídico, dando, assim, a ATDL continuidade ao seu labor, através de Celebrações, Festividades, palestras e… novas construções materiais e espirituais, ao redespertar da identidade e da pertença célticas no lugar mesmo da sua eclosão e, neste tempo outro de actualidade. Fazendo Tempo e Espaço para que a Lembrança e a Esperança de uma Ancestralidade, uma ascendência e uma descendência proto-celtas e celtas aconteçam, como aquela linha contínua que liga, na Fogueira da Celebração do Samónios ou da Saudade, as cinzas do Passado, com a pequena, humilde, frágil, mas constante Centelha que ilumina o Caminho da Tradição Primordial, abrindo, com a sua Luz, as portas do Futuro.

A Revista da Tradição Lvsitana nº9
Estimadas irmãs e irmãos de Caminho, a esperança que acalentávamos nos nossos corações, no último número desta nossa Revista, cumpriu-se e, apesar de todas a dificuldades que, à imagem e semelhança do mundo a nossa Assembleia atravessou, devido à pandemia global, estamos já de regresso às celebrações regulares dos rituais da Roda do Ano que, desde o último Lughnassad têm sido realizadas, sem interregnos. E, sobretudo, estamos firmemente convictos de que a Roda do Ano aberta no último Samónios se irá cumprir ritualisticamente, estando nós, como então escrevemos no Editorial desse último número, de novo, “todos e todas juntos, reunidos em torno da fogueira da Assembleia, sobre a Terra sagrada dos nossos Antepassados e sob um Céu inteiramente nosso a celebrar (…) nesse (re)encontro”, a nossa espiritualidade, “o Amor e a Liberdade”. Infelizmente não podemos dizer, como então desejámos e “a festejar felizes” e “em paz”. Se o vírus não deu tréguas aos seres humanos, nos últimos meses, alguns seres humanos também não deram paz a si mesmos por estes derradeiros dias. Não obstante, cremos que, embora a condição de paz continue a não estar assegurada, nos
cumpre continuar a honrar os nossos Ancestrais, a nossa Tradição e a Natureza, colocando-nos ao serviço da Paz, com toda a determinação da nossa alma, todo o amor dos nossos corações e todo o humilde saber do nosso ofício espiritual. A Tradição chama por nós em todos os momentos, particularmente nos mais difíceis, para que façamos ouvir a sua voz e princípios solidários, amorosos e pacíficos. Os rituais que continuaremos a realizar e esta vossa Revista que persistimos em publicar são a nossa resposta a esse apelo e uma das formas de oração pela Paz que está ao nosso alcance. O Amor e o Conhecimento são irmãos que caminham lado a lado de mãos dadas na nossa Tradição desde o início dos tempos e, no que de nós dependa, assim continuará a ser. Humildemente aspiramos a caminhar, em paz no sentido do Bem que acreditamos, consiste, entre outras coisas, em sermos hoje melhores seres humanos do que fomos ontem e em sermos, amanhã, melhores seres humanos do que hoje somos.

A Revista da Tradição Lvsitana nº11
Estimados leitores e leitoras da Revista Da Tradição Lvsitana, encontramo-nos, neste nosso décimo primeiro número, sob o auspicioso signo das Águas Lustrais, em Beltane, cumprido que foi o ciclo do Sagrado Feminino, caminhamos com passos firmes para os Maios Lvsitanos, sem quebra de rituais e de celebrações. Queremos assinalar este nosso caminhar com regozijo, pois não esquecemos os tormentos que vivemos no passado e guardamos na nossa memória a dor do que significa a ausência da Condição de Paz, impeditiva de uma celebração digna, partilhada e equilibrada. Vivemos uma estação fria difícil, tormentosa, tempestuosa, mesmo, pelas condições climáticas adversas, sob a forma das chuvas torrenciais que inundaram cidades, pelas condições sociais e económicas adversas que tantas dificuldades e carências impuseram à vida das populações. Não obstante, sob a proteção e o acalento dos nossos Deuses e Deusas, em particular Daquelas que nos acompanham, de forma mais próxima, durante esta metade da Roda do Ano, conseguimos superar estes tempos difíceis, labutando, criando e produzindo as condições propícias ao nosso acontecer enquanto Assembleia.
Pedimos aos colaboradores e colaboradoras desta nossa Revista que se inspirassem nestas nossas Deusas que nos regem e protegem nestes tempos frios, chuvosos e húmidos e elas e eles responderam ao nosso apelo, escutando o canto das Fontes, escrevendo e enviando os textos que aqui submetemos ao olhar sempre atento dos nossos leitores e leitoras.

Tríades Lusitanas
Não obstante as Tríades Lusitanas apresentarem uma grande profundidade filosófica, a mais-valia da sua aplicação em diversas áreas da vida é por demais evidente. As suas mensagens transcendem fronteiras culturais e geográficas, demonstrando no seu conteúdo uma riqueza universal e como tal partilhável. Com elas, podemos aprender a despertar para a espiritualidade, a assumir o nosso papel como caminhantes deste longo caminho que é vida, a reconhecer a beleza e a verdade que nos rodeiam, a honrar nossos antepassados e a natureza que nos sustenta. As Tríades Lusitanas encorajam-nos a cultivar a virtude, a coragem, a sabedoria, a harmonia e a integridade em todos os aspetos da nossa vida. Seguir esses princípios permitir-nos-á encontrar um maior significado e propósito para a nossa existência, enquanto contribuímos para a construção de um mundo melhor para todos.
Além disso, as Tríades Lusitanas também nos lembram da importância de ouvir a nossa sabedoria interior, de viver em harmonia com a natureza e de honrar aqueles que vieram antes de nós e que nos ensinaram a valorizar a simplicidade e a humildade e a apreciar a beleza da vida, mesmo nos momentos mais difíceis.

BOLETIM HY BRASIL
As antigas lendas da velha Irlanda mencionam uma Ilha Mítica, escondida por uma neblina mágica, onde viviam os seres iluminados, tal qual uma espécie de Paraíso na Terra, ou como o Outro Mundo dos Celtas. Esta ilha, chamada Hy Brasil, aparece em mapas e cartas náuticas já do século XIV e há quem defenda que esta possa ser a verdadeira origem do nome de nosso país. Dizem que o monge e navegador irlandês Brandão de Adfert e Clonfert, também chamado São Brandão, relata em suas viagens uma passagem por esta que foi chamada de Ilha Afortunada. Navegar é preciso, disse o poeta Fernando Pessoa e é subindo a bordo de um barco que podemos viajar pelo Grande Mar do fundo da Alma, para seguirmos nossa jornada em direção ao Mundo Branco do qual fala nossa Tradição Primordial. Que este boletim, recolhendo os saberes de diversos navegadores da senda Druídica, possa ser este barco onde possamos juntos seguir em nossas Immrama. Que este boletim possa fortalecer laços e assim fomentar uma verdadeira e autêntica Tradição Druídica Brasiliana. Sim, Brasiliana e não simplesmente Brasileira. Não queremos uma Tradição Druídica apenas nascida neste país, mas sim comprometida com esta Terra Sagrada, onde a nossa Ancestralidade possa ter voz e corpo. Uma Tradição que permita que, ao nos olharmos no espelho, possamos reconhecer nossa face. Navegadores do passado enfrentaram o mar para encontrar a Ilha Afortunado, mas nós, brasilianos, nascemos aqui e por isso já somos nós mesmos afortunados. É chegada a hora de fazemos o caminho de volta; de cruzarmos novamente o Atlântico, agora no sentido contrário, para que possamos unir as espiritualidades ancestrais e criarmos nossa identidade. Ao Mar, nobres e valentes navegantes! Juntos podemos ir muito mais longe!
/|\ Gaesum Bach

BOLETIM HY BRASIL Nº 2
Muitas são as Ilhas Mágicas que flutuam pelo Grande Mar do Fundo da Alma e em cada uma delas existem diversas lições que podemos aprender como Navegantes que somos. Hy-Brasil, a Ilha Afortunada, é um lugar mítico pautado nos alicerces do Amor, da Força e da Sabedoria que sustentam nossa Tradição e é para lá que esta publicação nos leva.
Ao nos lançarmos em uma viagem sobre as águas dos mistérios, deixamos para trás a estabilidade do porto seguro ao qual estamos habituados e iniciamos uma verdadeira aventura de descobrimento, onde o comodismo e o conformismo não tem espaço e onde precisamos ser agentes da nossa própria transformação.
Suba a bordo desta embarcação conosco em direção ao Conhecimento e à Espiritualidade; compartilhe suas histórias e saberes e ouça a canção que nossos marinheiros contam sobre suas viagens. É hora de nos reunirmos como companheiros viajantes para seguirmos juntos nesta Immram em direção ao Mundo Branco, cada qual auxiliando seu irmão.
Que esta nova edição de nosso Boletim possa auxiliar os brasilianos em suas jornadas!
Que a Egrégora de nossa Tradição torne-se mais forte e mais bela a cada dia! Que nosso barco nos
leve à Terra Sagrada que buscamos!
"Terra à vista!", gritaremos da proa!
Avante, companheiros! Avante, brasilianos!
Avante em direção à Ilha Afortunada!
/|\Gaesum Bach
