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A Tradição Primordial 

Bem-Vind@s à Tradição Primordial Céltica Lusitana

Fundamentos para uma Espiritualidade Céltica Lusitana

Em primeiro lugar, estimados visitantes, este texto de saudação que vos apresentamos nada mais é que um rasto de uma memória vivencial que procura recontar um Caminho como se da interpretação de uma antiga partitura se tratasse, actualizada pelo actual respirar das suas palavras doadas. Não é, pois, de um simples escrito que se trata, mas de um pensar acerca de um sentimento, ou seja, de algo que por ter sido sentido e sobre ele se ter pensado, agora se apresenta sob a forma de escrita e assim vos saúda.

Em primeiro lugar, importa referir que a prática da Tradição Céltica Lusitana informa-nos de um Caminho Amoroso, Espiritualizante, cuja atitude e prática benfazeja se encontra radicada nos princípios do Bem, do Belo e da Verdade. Mas quando se aborda conceptualmente o domínio da Espiritualidade, invariavelmente nos deparamos com uma dificuldade suplementar: a Espiritualidade é, com efeito, um domínio da interioridade, do “dentro” de cada um de nós, pelo que se torna difícil a qualquer palavra poder realmente exprimi-lo. Em verdade, o que se poderá dizer acerca daquilo que alguém vive quando se relaciona com o divino?

O Caminho da Espiritualidade começa, então, precisamente com o propósito de aprender o que significa ser Mulher, ser Homem e, em conjunto, sermos humanidade. E depois? Depois aceitar a sua condição, assumindo as suas carências para poder abraçar o Caminho da Luz Universal e aspirar à realização do modo como cada um se vive e do destino humano à face da Terra.

Da Sabedoria Céltica Lusitana

O inacessível ideal de sabedoria, no qual o sábio é o único que possui o conhecimento, não retrata de modo algum a Sabedoria Druídica Lusitana. Pois, para um Druida Celta, o conhecimento nada mais é que um meio para chegar às evidências últimas, por via do qual se poderá encontrar o Caminho da Sabedoria para a verdadeira Libertação ou Bem-Aventurança. Neste sentido, a Sabedoria começa pelo alcance da auto-imunidade em relação às regras impostas por sistemas de captura de consciência colectiva a que a humanidade está actualmente sujeita.  A Sabedoria Druídica não se refere a uma filosofia analítica, mais próxima da actual noção de ciência, que recolhe informações, acumula, verifica, ordena, e assim emite juízos de facto, mas a uma filosofia de busca das essências e das evidências últimas da vida. A Sabedoria Druídica, mais do que um saber acerca de qualquer coisa, refere-se a um saber viver de forma essencial e a um saber fazer virtuoso, pois trata-se de uma Sabedoria Ética, sustentada numa atitude razoável e prudente. Uma vez que é de Espiritualidade que aqui se trata, quando nos referimos à Tradição Primordial Céltica Lusitana, que é o Ofício da constância do Amor em tempos diferentes, ela é então um Sentido, uma proposta de Sentido, um Caminho ou uma proposta ela mesma Sentido e Caminho para a Felicidade que nos conecta ao Transcendente, é certo, mas que se apresenta como possibilidade real na vida de cada um de nós, pois os seus princípios fundamentais emergem em concretude por via das suas formas lógicas, isto é, na autonomia, na alegria e na afectividade. Se a tudo isto acrescentarmos um compromisso sustentado numa vontade responsável, o Caminho poder-nos-á levar à Bem-Aventurança do Mundo da Luz Branca da Tradição Céltica,  pois só por via de uma vontade responsável poderemos ser livres e só livres poderemos ser felizes. 

 

Da Comunidade Céltica Lusitana

No entanto, para que se atinja um estado de tendência para um caminho de libertação, é necessário em primeiro lugar acordar e vencer os medos que habitam nas profundezas do nosso ser. É verdade que podemos ainda não estarmos livres, mas também é verdade que podemos ser responsáveis. A Mulher e o Homem que constituem as múltiplas Tribos Celtas devem ser responsáveis, fazendo tudo o que depende deles em afirmação dos princípios que sustentam a sua identidade.

Mas a afirmação da identidade individual ou grupal é e sempre será um problema complexo, difícil de situar e difícil de resolver. Pois, se por um lado se torna fundamental na construção do sentido e sentimento de pertença de um indivíduo, grupo ou comunidade, inscrito na sua cultura, também pode levar a sectarismos quando sustentado em atitudes radicais e autistas de afirmação de um território espiritual, sentido ou cultura de um indivíduo, grupo ou comunidade, relativamente a outros. Se afirmarmos um território de sentido espiritual ou cultural, tal não implica que seja necessário diminuir outros sentidos, práticas ou identidades. Quando eu afirmo a minha identidade, eu não deveria sentir que só esta se encontra radicada no Bem e na Verdade, e que só a minha prática é virtuosa, mas em mim deveria habitar a intuição de que são precisamente as diferenças apresentadas por outras identidades que possibilitam revelar o que de melhor e pior há na minha, e com isso poder elevar o nível da minha consciência. Mas o que é que eu digo quando digo que gosto, por exemplo, da minha casa, do meu país, do meu sentido? Certamente que não deveria estar a dizer que este sentimento que nutro em relação àquilo que considero a minha pertença fundamental tenha que necessariamente colidir com outras pertenças fundamentais, impedindo-me de ir à casa do outro, levar valor, colher valor, e comungar deste sentido comum que é Tradição Primordial, uma Tradição que une na diferença pela construção e realização de um Bem Comum Espiritual. Pois, se assumirmos como verdade o que disse Boaventura Sousa Santos, que “temos direito à diferença quando a igualdade não nos descaracteriza; temos direito à igualdade quando a diferença nos inferioriza”, também não nos podemos esquecer o que disse o poeta Eugénio de Andrade, que também “é dentro de ti que toda a música é ave”... Assim, estimados visitantes, a nossa proposta é: deixem tocar livremente essa música que dentro de cada um de vós é Ave e levem esse profundo sentir a todos aqueles que queiram comungar de uma Espiritualidade lúcida, Responsável, Apaixonada e Amorosa.

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